quinta-feira, 19 de março de 2009

AMÊNDOA - Nedjma









A felicidade? É fazer amor por amor. É o coração a ameaçar rebentar de tanto bater, quando um olhar único se fixa na tua boca, quando uma mão te deixa um pouco do seu suor na dobra do joelho esquerdo. É a saliva do ser amado que desliza na tua garganta, açucarada e transparente. É o pescoço que se alonga e se liberta das suas fadigas e dos seus nós e se torna infinito porque há uma língua que o percorre a todo o seu comprimento. É o lóbulo da orelha que pulsa como um baixo-ventre. É o dorso que delira e inventa sons e estremecimentos para dizer «amo-te». É a perna que se levanta, aprovadora, as calcinhas que tombam como uma folha, inútil e incómoda. É uma mão que entra na floresta dos cabelos, acorda as raízes da cabeça e as inunda, generosa, com a sua ternura. É o terror de dever abrir-se e a inacreditável força de se oferecer, quando tudo no mundo é pretexto para choro. A felicidade é Driss rigído pela primeira vez dentro de mim e as suas lágrimas escorrendo-me pelo ombro. A felicidade era ele. Era eu.
O resto não passava de fossa comum, de vazadoiro público.'

2 comentários:

Anônimo disse...

Humm.... belas fotos e belo texto..

bjs

Íris disse...

Li este livro! É muito bom! Eu gostei.