sobem em mim todas as tuas palavras de cobiça, e colhem o primeiro dos suspiros antes da nossa - pequena - morte. ri e acha graça na minha carne tremente e acanhada, enquanto passeia pela pele suada, colhendo sumos assustados. encanta, seduz, enleva e brinca com o meu amor. ri. sorri. desce teu poema em espiral pelo meu corpo... enrosca tua poesia na subida - contorno de mim - rumo ao cume: a boca entreaberta. e invade... – a tua saliva tingindo o êxtase da mornitude do meu paladar. e a tua língua desenhando raios, vetores, raízes, riscos e riscos no meu pescoço desnudado pelo teu descaramento. sorri. ri. percorre o cimo do seio... o ventre em vertical... o subterrãneo em horizontal... e desliza, rodeia – sorrindo - o bolbo, antes de invadir, de jeito insolente, a minha intimidade. vem e sorri por uns instantes pro meu desespero lúbrico e brinca de fazer sorrir, pra calar o meu grito que, preso na garganta, suspira lento, em eco, pelas tuas palavras. e então, me sorri e me adormece. acalma e acalenta. ri, sorri. e quando eu acordar sorrindo, sobe de novo em mim e segreda repetidamente as mesmas palavras insaciáveis. inconstestáveis. imagináveis. risíveis. sorridentes. quase inconfessáveis.
Elise
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