quarta-feira, 29 de julho de 2009

sexus de henry miller







Um dos trechos mais subversivos do Miller

Devia ser uma noite de quinta feira quando a conheci no salão de danças. Compareci ao trabalho na manhã seguinte, após uma hora ou duas de sono, com um ar de sonânbulo. O dia passou como um sonho. Depois do jantar adormeci no divã e acordei completamente vestido cerca de seis horas da manhã seguinte. Sentia-me inteiramente revigorado, puro de coração, e atormentado por uma idéia: possuí-la a qualquer custo. Caminhando através do parque deliberava qual tipo de flores mandar com o livro que lhe tinha prometido. (Winesburg Ohio). Estava me aproximando do trigésimo terceiro aniversário, a idade de cristo crucificado. Uma vida totalmente nova estendia-se diante de mim, tivesse eu apenas coragem pra tudo arriscar: eu estava no primeiro degrau da escada, um fracasso em todo sentido da palavra.

Veio então a manhã de sábado, e pra mim o sábado sempre foi o melhor dia da semana. Desperto para a vida quando os outros estão caindo de sono e fadiga, minha semana começa no dia judaico do descanso. Que esta ia ser a grande semana da minha vida, que repercutiria por sete longos anos, é claro que eu sequer imaginava. Sabia apenas que era um dia auspicioso e cheio de acontecimentos. Dar o passo fatal, mandar tudo para os infernos, é em si uma emancipação: o pensamento das consequências nunca me passou pela cabeça. Render-se absoluta, incondicionalmente à mulher que se ama é romper todas as amarras, exceto o desejo de não a perder, que é a amarra mais terrível de todas.

(trecho do sexus de henry miller)

Um comentário:

Anônimo disse...

MILLER É MILLER... e vice-versa ehehheh