quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Segredos









Pára, dizias tu, e eu fingia que não te ouvia,
e não parava e continuava, e tu fugias na cama desfeita,
e prendias-me a cabeça nas mãos,
e procuravas na minha boca o beijo que eu não dava, a boca que eu negava.
E as minhas mãos cravadas nas tuas nádegas fugidias.
E a minha boca querendo contar segredos à tua pele,
ao teu umbigo, às pernas que fechavas e
contraías tentando esconder o desejo tão desperto,
tão erecto e que querias demorar…
Pára, dizias tu, e cobrias-te com almofadas que eu puxava,
e tapavas-te com lençóis amarrotados que eu arrancava, e que caíam e eu…
E eu levantava-me e caía na tua boca para não te dar a minha.
Para me dares a tua. Para abafar os teus gemidos e calar a tua língua.
E levantavas o corpo e eu agarrava as tuas nádegas e molhava as tuas pernas e
mordia a tua carne e suspirava nas tuas coxas e
tu gemias nas minhas …
E já não lutavas.
E eu já me rendia.


Encandescente

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