domingo, 21 de março de 2010
Sexus Henry Miller
O controverso escritor norte-americano Henry Miller (1891-1980), acusado muitas vezes de pornográfico, teve uma vida para lá de movimentada com mulheres do tope de Anais Nin, atuou na Literatura com um misto entre autobiografia e ficção, publicando viagens e ensaios. Publicou a trilogia “Sexus, Plexus, Nexus", por ele chamada de "A Crucificação Encarnada", narrando textos com trechos de sua própria vida, chegando a dizer que, nessas obras, ele: “(...) fiz uso, ao longo desses livros, de irruptivos assaltos ao inconsciente, tais como sonhos, fantasia, burlesco, trocadilhos pantagruélicos, etc, que emprestam à narrativa um caráter caótico, excêntrico, perplexo". Em um desses livros da trilogia, o “Sexus” encontramos algumas confissões, como a de que “(...) Eu tinha uma caneta cuja pena arranhava, um frasco de tinta e papel – minhas únicas armas (...) quando se dispõe a bombear o sangue de seu coração e derramá-lo no papel, saturar a amada com seu desejo e sua ância, assediá-la sem cessar, ela não tem a possibilidade de recusá-lo (...) Mulher alguma é capaz de resistir à dadiva do amor absoluto”. Mais adiante ele escreve: (...) O homem escreve para livrar-se do veneno que acumula à falsidade do seu modo de vida. Está tentando recapturar sua inocência, mas ainda assim tudo que consegue fazer (escrevendo) é inocular o mundo com o vírus de sua desilusão. (...) Os livros são atos humanos na morte. (...) Algum dia, a arte de sonhar acordado estará ao alcance de todos (...) Sonhei um novo mundo de esplendor magnifíco que desaba assim que a luz se acende. Um mundo que desaparece mas não morre, porque me basta ficar novamente imovel e abrir bem os olhos no escuro para ele ressurgir... existe então um mundo em mim que é totalmente diverso de qualquer mundo de que já tenha ouvido falar”.
Sobre a política da vida, ele diz: “(...) Minha política sempre foi a de queimar as pontes depois de minha passagem. Estou sempre virado para o futuro. Se cometo um erro, é um erro fatal. Quando sou obrigado a recuar, volto até o ponto de partida, caio até o fundo. Minha única salvaguarda é minha capacidade de resistência. Até aqui, sempre consegui me recuperar. As vezes dou a impressão de retornar em câmera lenta, mas aos olhos de Deus a velocidade não tão importante assim (...) Todo homem, quando se aquieta, quando é desesperadamente honesto consigo mesmo, pode preferir verdades profundas. Todos derivamos da mesma fonte. Não há mistério quanto à origem das coisas. Todos somos parte da criação, todos reis, todos poetas, todos músicos; preciusamos apenas nos abrir, para descobrir o que já estava lá (...) É quase uma lei: toda vez que um homem embarca numa grande aventura, precisa cortar todos os laços. Precisa isolar-se no meio do nada, e quando já enfrentou a si mesmo em combate precisa voltar e escolher um discípulo”.
Sobre a vida: “(...) A vida não está no andar de cima: a vida está aqui, agora, no momento em que dizemos que sim, no momento em que abrimos mão do controle. A vida são quatrocentos e quarenta cavalos num motor de dois cilindros (...) A vida era uma coisa de que os filósofos falavam em livros que ninguém lê”.
Sobre o artista ele diz: “(...) O artista é um instrumento que registra algo que já existia, uma coisa que pertence ao mundo todo e que, se ele for mesmo um artista, irá sentir-se compelido a devolver ao mundo (...) Se a substância da arte é a alma humana, então devo confessar que, com almas mortas, eu não conseguia visualizar nada germinando na minha mão”.
MILLER, Henry. Sexus. Tradução de Sérgio Flaksman. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
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2 comentários:
TESAO DE BLOG
ADICIONADO LA AOS SEXIMAGINARIOS
tenho andado com Anais Nin escondida na bolsa.
leitura clandestina.
deliciosa
muito excitante
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