domingo, 20 de julho de 2008
efervescência
me deixa ouvir de novo os teus gemidos - eram tantos, e tão altos, que meu sussurro se perdia no teu eco, e só se achava dias depois, quando a saudade me apertava a garganta. aí virava grito, dor, desespero, desamparo e desalento. inquietude. - deixa, permita que eu te caminhe o corpo mais uma vez; cede ao meu desejo de te molhar a pele a conta-gotas. me umedece e me toca de novo. deixa minha língua esculpir teu desejo rijo, rubi. deixa eu enlaçar minha saudade às tuas pernas e mover meu quadril em tua direção. e então, deixa eu me fartar de você, deixa que eu te coma inteiro, todo, te abrace, te enlace, te festeje, te grite! me deixa dançar sob teu peso, me perder sob teu corpo e me achar liquida, solvente, diluída na tua lembrança, fluida na tua saudade. deixa que eu entre dissolvida por teus poros e me aloje onde você é mais firme, mais forte, mais compacto. dá teu ato todo de novo pra mim. dá o teu perfume, que emana em minha pele e me tonteia e asfixia. deixa que eu te tenha uma vez mais, deixa. deixa que eu me realize em cima, embaixo, entre... a última vez, a derradeira. mortal. me aquece, me aquenta, incendeia. deixa-me em ebulição e me deixa morrer ali, em efervescência nos teus braços...
Elise
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