terça-feira, 25 de março de 2008

Segredos




-Pára, dizias tu, e eu fingia que não ouvia,
e não parava e continuava, e tu fugias na cama desfeita,
e prendias-me a cabeça nas mãos,
e procuravas na minha boca o beijo que não dava, a boca que negava.
E as minhas mãos cravadas nas tuas nádegas fugidias.
E a minha boca querendo contar segredos à tua pele, ao teu umbigo,
às pernas que fechavas e contraías tentando esconder o desejo tão desperto,
tão erecto e que querias demorar
-Pára, dizias tu, e cobrias com almofadas que eu puxava,
e tapavas com lençóis amarrotados que eu arrancava, e que caíam e eu…
E eu levantava-me e caía na tua boca para não te dar a minha.
Para me dares a tua. Para abafar os teus gemidos e calar a tua língua.
E levantavas o corpo agarrava as tuas nádegas e
molhava as tuas pernas e mordia a tua carne e
suspirava nas tuas coxas e tu gemias nas minhas
E já não lutavas.
E eu já me rendia.


Encandescente

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