terça-feira, 29 de abril de 2008

Suspenso

Sabia que, se se movesse naquele instante. Se fizesse um movimento. Um movimento mínimo que fosse, o corpo não resistiria.
Queria o prazer, assim. Suspenso.
Preso entre as pernas.
Preso pela força dos músculos que se contraíam.
Preso entre os dois corpos imóveis. Colados.

- Não te atrevas a fazer um movimento. Disse-lhe.
Ele riu.
Gostava de vê-la quando adiava o instante.
Quando prendia tempo e prazer entre as coxas. Quando corpo e voz lhe diziam para esperar.

Ele afastou-lhe o cabelo do rosto. Para a ver.
Para lhe ler nos olhos o momento que sabia próximo.
Ela olhou-o. Para o ver.
Para lhe dizer nos olhos do prazer que sentia.

E no instante em que, num movimento imperceptível se deram.
No instante em que se misturaram no prazer liquido que deles correu.
Ele beijou-a e disse-lhe da ternura sólida.
Ela olhou-o e nos olhos dele ficou.



Encandescente

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