(...)
O obsceno não existe (...). Sacro e profano convivem (....) E ele tem aquele quarto. Aquele quarto que é tão ele e que tem tanto de mim.
É naquele quarto que res(s)umo o cheiro do ontem por entre as pernas, tatuo constelações entre os seios e da minha pele ele faz a sua rota. Se a calcinha não combina com o sutiã, não importa. Eu assento em (...). Os meus sentidos se misturam aos seus beijos sôfregos. Beijos sem conseqüências. Destemidos beijos. Respeito quem beija sem reservas. E eu o beijo sem medo,(...) E ele não me beija como quem tem pressa para bater o cartão de ponto. Só pessoas como nós sustentam os olhos abertos para ir além dos contornos suaves. Olhos nos olhos, como deve ser. Sem condenação, com algum desafio.
Não dá pra explicar essa falta de pejo dos meus lábios ao gemerem indiscretos e seu o recolhimento quebrantado. Não preciso disfarçar que sou puta com cara de santa, ele sabe-me: santa-puta que alcança indulto para seus desatinos quando ele me traz pra perto, me pega pelos quadris e me puxa pra junto dos seus:
E eu desato-amolecida
Ele se abre
Eu umedeço as reentrâncias,
Ele dói em turgidez.
E todo o meu mundo pára quando me penetra,
(...)é vasto dentro de mim.
Castigo e redenção.
galgo neste selvagem,
Ele chicoteia a sombra da donzela que resta em mim.
Eu me farto, agradecida
Ele me basta.
Eu rebolo,
Ele me (re)encaixa.
Eu suo as madeixas,
ele me seca as chagas.
Avançamos-recuamos.
Serpenteiamos-esvoaçamos.
Solidificamos-esfumaçamos.
Eu pulso,
Ele não esmorece.
Eu suavizo, vivida
Ele atinge o cume.
É no gozo dele é que restabeleço meu tratado de paz.
Não dá pra explicar essa (in)constância entre nós e muito menos essa (in)conveniência de pedir sempre mais da vida por acharmos que ela nos deve só o tudo e, no entanto, o que temos abrevia-se a nós mesmos. Não dá.
- eu poderia escrever linhas e mais linhas (...), todas cheias de parênteses. Trechos e mais trechos, todos sem reticências Porque escrever sobre ele é discursar sobre mim, mas eu resguardo(-nos).
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