sábado, 23 de maio de 2009

Trópico de Capricórnio trecho

Há bocetas que riem e bocetas que falam; há bocetas malucas e histéricas com o formato de ocarinas e há bocetas abundantes e sismográficas que registram o subir e baixar da seiva; há bocetas canibalistas que se abrem como fauces de baleia e engolem vivo; há também bocetas masoquistas que se fecham como a ostra, têm conchas duras e talvez uma ou duas pérolas dentro; há bocetas ditirâmbicas que dançam à mera aproximação do pênis e ficam inteiramente úmidas com o êxtase; há as bocetas porco-espinho que abrem seus espinhos e sacodem bandeirinhas no Natal; há bocetas telegráficas que praticam o código Morse e deixam a mente cheia de pontos e traços; há as bocetas políticas que estão saturadas de ideologia e que negam até mesmo a menopausa; há bocetas vegetativas que não apresentam reação a menos que você as puxe pelas raízes; há bocetas religiosas que cheiram como Adventistas do Sétimo Dia e estão cheias de contas, minhocas, conchas, excrementos de carneiro e de vez em quando migalhas de pão seco; há as bocetas mamíferas que são forradas com pele de lontra e hibernam durante o longo inverno; há bocetas navegantes equipadas como iates, que são para solitários e epilépticos; há bocetas glaciais nas quais você pode deixar cair estrelas cadentes sem provocar uma faísca; há bocetas mistas que não se enquadram em categorias e descrições, com as quais você só encontra uma vez na vida e que o deixam queimado e marcado; há bocetas feitas de pura alegria que não têm nome nem antecedente e estas são as melhores de todas, mas para onde voaram elas? E depois há a boceta das bocetas, que é tudo e que chamaremos de superboceta, porque não é desta terra, mas daquele brilhante país para onde fomos há muito tempo convidados a voar.


Henry Miller

Trópico de Capricórnio

Jamais encontrei um homem assim! Jamais encontrei um homem generoso como eu, misericordioso, tolerante, descuidado, irresponsável, puro de coração. Perdoo-me por todo crime que cometi. Faço isso em nome da humanidade. Sei o que significa ser humano, a fraqueza e força da condição. Sofro com esse conhecimento e também me regozijo. Se tivesse uma chance de ser Deus, eu a rejeitaria. Se tivesse a chance de ser uma estrela, eu a rejeitaria. A mais maravilhosa oportunidade que a vida oferece é ser humano. Isso abarca todo o universo e inclui o conhecimento da morte, o qual nem mesmo Deus desfruta.

Trópico de Capricórnio pag. 207
Henry Miller

" Tania"











"Ó Tânia, onde estão agora aquela sua boceta quente, aquelas ligas gordas e pesadas, aquelas coxas macias e arredondadas? Em meu membro há um osso de quinze centimetros de comprimento. Tânia, alisarei todas as pregas da sua vulva, cheia de semente. Mandá-la-ei de volta para seu Sylvester com a barriga doendo e o útero virado. Seu Sylvester! Sim, ele sabe acender um fogo, mas eu sei inflamar uma vagina. Enfiarei pregos quentes em você, Tânia. Deixarei seus ovário incandescentes, Seu Sylvester agora está um pouco ciumento? Ele sente alguma coisa, não sente? Sente os remanescentes do meu grande membro. Deixei as margens um pouco mais largas. Alisei as pregas. Depois de mim, você pode receber garanhões, touros, carneiros, cisnes, e São Bernardos. Pode enfiar pelo reto sapos, morcegos, lagartos. Você pode defecar arpejos ou amarrar uma citara sobre o umbigo. Eu estou fodendo, Tânia, para que você fique fornicada. E se tem medo de ser fornicada em público, eu fornicarei privativamente. Arrancarei alguns pêlos de sua vulva e os grudarei no queixo de Bóris. Morderei seu clitóris e cuspirei moedas de dois francos..."



(Henry Miller - Trópico de Cancêr)





quinta-feira, 7 de maio de 2009

Anaïs Nin

"Quando voltares vou dar-te um banquete literário de sexo - ou seja foder e conversar e conversar e foder. Anaïs, eu vou abrir as tuas entranhas. Deus me perdoe se esta carta alguma vez for aberta por engano. Não consigo evitá-lo. Quero-te. Amo-te. Tu és comida e bebida para mim, és todo o raio da Máquina da vida, deitar-me em cima de ti é uma coisa, mas aproximar-me de ti é outra. Sinto-me unido a ti, um só contigo, pertences-me quer isso seja sabido ou não. Cada dia que espero agora é uma tortura. Estou a contá-los lentamente, dolorosamente.
Mas vem o mais depressa que possas. Preciso de ti. Meu Deus, quero ver-te em Louveciennes, ver-te naquela luz dourada da janela, com o teu vestido verde Nilo e o teu rosto pálido, uma palidez gelada como a noite do recital. Amo-te como tu és. Amo as tuas ancas, a tua palidez dourada, a curva das tuas nádegas, o calor dentro de ti. Anaïs, amo-te tanto, tanto! Estou a ficar sem palavras. Estou aqui sentado a escrever-te com uma tremenda erecção. Posso sentir a tua boca macia fechando-se sobre mim, a tua perna apertando-me com força, voltar a ver-te aqui na cozinha levantando o vestido e sentando-te em cima de mim e a cadeira a andar pelo chão da cozinha, fazendo tamp, tamp,."
Henry