quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

CALÍGULA CAMUS

CALÍGULA- E quem te disse que não sou feliz?

CESÓNIA- A felicidade é generosa. Não vive de destruições.

CALÍGULA- Então é porque há duas espécies de felicidade, e eu escolhi a dos assassinos. Porque sou feliz. Houve um tempo em que pensei atingir o limite da dor. Pois bem: pode-se ir mais longe ainda! No fim dessas paragens existe uma felicidade estéril e magnífica. Olha-me: (Ela olha-o.) Eu rio-me, Cesónia, quando penso que, durante anos e anos, Roma inteira evitou pronunciar o nome de Drusilla. Porque Roma se enganou durante anos e anos. O amor não me basta: é isto que acabo de compreender. É isso que eu vejo hoje mesmo, ao contemplar-te. Porque amar alguém, é aceitar envelhecer com esse alguém. Eu não sou capaz desse amor. Drusilla velha, seria bem pior que Drusilla morta. Julga-se que um homem sofreu porque lhe morreu um dia o ser amado. Mas o seu verdadeiro sofrimento não é tão fútil: é perceber que nem sequer o desgosto dura! Até a dor não faz sentido.
Bem sabes que não tinha desculpas, nem mesmo a sombra de um amor, nem a amargura da melancolia. Não tenho alibi. Mas hoje, eis-me ainda mais livre do que há anos era, liberto que estou da memória e da ilusão. (Ri apaixonadamente.) Sei que nada dura! Oh! Saber isto! Fomos só dois ou três, na história, que tivemos a verdadeira experiência disto, que pudemos atingir esta felicidade demente. Cesónia: seguiste, até ao fim, uma tragédia bastante curiosa. É tempo de cair sobre ti a cortina. (Passa dee novo por trás dela e passa-lhe o antebraço à volta do pescoço.)

CESÓNIA, apavorada- A felicidade é, portanto, essa liberdade espantosa?

CALÍGULA, apertando-lhe a pouco e pouco o pescoço- Podes ter a certeza, Cesónia. Sem ela, eu teria sido um homem satisfeito. Graças a ela conquistei a divina clarividência do solitário. (Exalta-se cada vez mais, estrangulando Cesónia a pouco e pouco, enquanto ela se abandona sem resistir, com as mãos abertas para a frente; e fala-lhe debruçado sobre o ouvido.) Vivo, mato, exerço o poder delirante do destruidor, ao pé do qual o do Criador parece uma macaquice. É isso ser feliz. É isso a felicidade, essa insuportável libertação, esse desprezo universal, o sangue, o ódio em meu redor, esse isolamento sem par do homem que põe toda a sua vida diante de si, a alegria desmedida do assassino impune, essa lógica implacável que rebenta as vidas humanas (ri), que te destrói, Cesónia, para perfazer, enfim, a solidão eterna que desejo.

(...)

CALÍGULA- À história, Calígula, à história!

(O espelho quebra-se e, nesse instante, entram por todas as portas os conjurados, em armas. Calígula faz-lhes frente, com um riso de louco. O Velho Patrício fere-o pelas costas e Cherea em pleno rosto. O riso de Calígula transforma-se em soluços. Todos o ferem. Num último soluço, Calígula, rindo e estrebuchando, grita:)

CALÍGULA- Ainda estou vivo!


Albert Camus

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Henry & June, trecho de 08

Henry tem me amado; ah, eu sou o seu amor. Tenho tudo que poderia ter dele, as camadas mais secretas de ser, tais palavras, tais sentimentos, tais olhares, tais carícias, cada uma delas chamejando para mim unicamente. Tenho-o sentido embalado por minha suavidade, exultante com meu amor, apaixonado, possessivo, ciumento. Tenho crescido para ele, não fisicamente, mas como uma visão. Do que ele se lembra mais vividamente de nossos momentos juntos? A tarde em que permaneceu sobre o sofá em meu quarto enquanto eu terminava de me vestir para um jantar, com meu vestido oriental verde-escuro, perfumando-me, e ele, tomado de uma sensação de viver um conto de fadas, com um véu entre ele e eu, a princesa! É disso que ele se lembra enquanto estou deitada com o corpo quente em seus braços. Ilusões e sonhos. O sangue que ele derrama dentro de mim com gemidos de prazer, as mordidas em minha carne, meu odor em seus dedos, tudo isso desaparece diante da potência do conto de fadas.


Anais Nin, trecho de Henry & June

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Nua






Quando ele sentou na cama e disse: “Fica nua pra mim…”, eu senti umedecer entre as pernas. Nunca entendi como este ato de desnudar-me diante de outra pessoa pode me excitar tanto. Não sou a mulher mais linda, nem a dona do corpo mais escultural, os seios já se encontram flácidos e a barriguinha indecente teima em pronunciar-se. No entanto, quando me desnudo em uma relação a dois, o faço completamente. Não há reserva, não há vergonha, nua exponho mais que meu corpo, mostro a minha alma. E assim, sou muito mais eu!


http://www.avidasecreta.com/

sábado, 4 de dezembro de 2010

bundas gostosas







Memorias de uma gueixa

Adversity is like a strong wind. It tears away from us all but the things that cannot be torn, so that we see ourselves as we really are.



Memorias de uma gueixa

Uma espiã na casa do amor (trechos)

"Nas múltiplas peregrinações de amor, ela era ágil em reconhecer os ecos dos desejos e amores maiores.Os grandes amores, especialmente se não tivessem tido morte natural, jamais morriam por completo e deixavam reverberações. Uma vez interrompidos , rompidos de maneira artificial , sufocados acidentalmente , eles continuavam a existir em fragmentos separados e infinitos ecos menores.
Uma vaga semelhança física, uma boca quase similar , uma voz levemente parecida , alguma partícula de caráter , emigrariam para um outro que ela reconhecia de imediato em uma multidão , em uma festa, pela ressonância erótica que despertava.


O desenho semelhante de uma boca era suficiente para retransmitir a corrente de sensações interrompidas , para recriar um contato por meio da receptividade passada, qual canal que conduz perfeitamente apenas parte do êxtase anterior através do canal dos sentidos , incitando vibrações e sensibilidades outrora despertadas por um amor total ou um total desejo por toda personalidade.
Tudo que tivesse sido arrancado do corpo , assim como da terra , extirpado violentamente , cortado, deixava debaixo da superfície raízes muito ilusórias, muito vivas , todas prontaspara medrar de novo sob uma associação artificial , por meio de um enxerto de sensações , dando nova vida a esse transplante de memória.

Anais Nin



sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

My hands flat against ....


Because it’s your turn to feel my hands on you.  Now just relax, Lover.  Feel my hands as they stroke over your hard muscles.  Fingers working out that pent of tension.  My lips press against your neck, teasing you with kiss.  I drag my nails down your back, smiling as you shiver.  My hands flat against you as they stroke up again. I feel your body begin to heat beneath me.  I can’t help but rub my hips down against your thighs, knowing you’ll feel my wetness. Grinning wickedly as my hands move down to that hard ass.  Gripping tight as I rub and stroke. Your hips lifting upwards. A tease as I draw a finger along the dark crevice.