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Dá-me tua mão, pássaro e lâmina, sobre meus olhos escuro e medo, sobre minha pele rastro d’água, sobre meus seios ninho e animal faminto. Dá-me tua mão, entre meus lábios, vão da gengiva, fio dos dentes saliva e carícia, entre meus cabelos, emaranhado novelo, afago e rédea, arreios, seguro sobre meu dorso, jugo aflito e pleno. Dá-me tua mão, extremadura da carne, serpente e visgo, pelas frestas, ao fundo, lava quente da terra, em sobrevôo leve, pela mansidão os cimos mais frios. Dá-me tua mão, ao redor do pescoço, na medida da cintura, um pouco acima dos joelhos, dedos em busca de um perfume perdido, temperatura improvável. Dá-me tua mão, sossego e resgate, lança e laço, tua mão de morte, de parto, de flagelo, de encanto, dá-me a tua mão de flor e canela, de gosto amargo e encontro, desespero e descanso.
Ticcia
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