sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O amante de Lady Chatterley

Na sua timidez, ela permitiu que ele fizesse de tudo, e a sensualidade indomada e desenfreada abalou as suas fundações, despiu-a ao limite extremo da nudez, e fez dela uma nova mulher. Não era exatamente amor. Não em volúpia. Era sensualidade ardida e quente como o fogo, transformando a sua alma em brasa. Queimando as vergonhas, as mais profundas e arraigadas vergonhas, nos mais secretos lugares. Foi preciso esforço para que ela se entregasse a ele inteira. Os dois se transformaram em objetos passivos e complacentes, escravos, uma escravidão física. A paixão lambia o seu corpo e a consumia ... -- Que rabo delicioso você tem – disse ele, no dialeto acariciante e gutural. – Você tem o rabo mais delicioso que existe. O rabo mais delicioso, o mais delicioso de todas as mulheres! Rabo de mulher, de mulher do começo ao fim. Você não é uma dessas de bundinha chata feito bunda de menino não! Você tem uma bunda redonda, gostosa, como todo homem de verdade gosta. Um rabo assim era capaz de sustentar o mundo. Enquanto falava, ele alisava langorosamente as nádegas polpudas, até que uma espécie de fogo escorregadio pareceu despregar-se delas para as suas mãos. E as pontas dos seus dedos tocaram as duas aberturas secretas do corpo da amante, uma vez, e mais outra, com pinceladas leves de fogo. Você tem uma bunda de mulher, uma bunda orgulhosa de ser bunda. Ela não se envergonha de jeito nenhum. Ele apertou a mão com firmeza sobre as aberturas secretas de Connie, numa espécie de cumprimento afetuoso. – Eu gosto dela! Eu gosto dela! E se eu só vivesse dez minutos e pudesse fazer carinho no seu rabo e aprendesse as curvas dele, eu acho que teria vivido uma vida inteira. Ela se sentou sobre as coxas dele, com a cabeça em seu peito, com as pernas lustrosas de marfim entreabertas e o clarão do fogo iluminando-as desigualmente. Sentado com a cabeça baixa, ele olhava para as dobras do corpo dela à luz do fogo, e para a penugem castanha que brotava de um ponto entre as coxas divididas.”


David Herbert Lawrence




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