segunda-feira, 30 de junho de 2008

três





havia a música, a bebida e os olhos dele em nós. ele aguardava, tranqüilo, um movimento meu ou dela, espreitando. nós, fêmeas, sentíamos nossos cheiros, nossos olhos se procurando no escuro e entre pessoas invisíveis que eventualmente nublavam nosso contato. uma música, um riso e algumas palavras, o som alto só permitia conversas no ouvido. senti o cheiro do pescoço dela e quis beijá-la ali, perto da orelha, quis esfregar meu nariz na sua pele e saber de onde vinha a doçura, provar. gostava dos olhos dele em mim, enquanto eu dizia no ouvido dela que queria beijá-la. assim, sem rodeios. meus lábios roçavam as orelhas dela, eu queria lábios de mulher, carícias doces, perfume de flor e desejei também os olhos dele, o desejo, as mãos. beijei sua boca com gosto de limão, nossas línguas brincando de amarelinha, senti-me uma menina correndo na chuva. as mãos dela eram íntimas de mim, seguravam minhas costas e meus cabelos, suas pernas se esfregavam entre as minhas. era uma janela, havia música e pessoas – e ele. os dedos dela encontraram caminho debaixo da minha saia, por dentro da minha calcinha e quase desfaleço; ela ri. nos perseguimos com as línguas e mãos por horas, e finalmente ele veio em nosso encalço, suas mãos nos nossos corpos, uma calma desconcertante (mas eu fervia). ele me cedeu lentamente um beijo com seu cheiro e boca de homem, enquanto ela tocava meu corpo. meu cheiro ficou nas mãos dela, meu gosto na boca dele. descobri um através do outro muito depois, aos poucos, nas muitas noites de sonho e nos dias de sexo e paixão.




Lorelei

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